Dr. Antonio Carlos Vanzo Junior

• Entrevistas
• 29/10/07

O Dr. Antonio Carlos Vanzo Junior é químico, cirurgião dentista, pós graduado em Marketing e possui 16 anos de experiência na Indústria de Cosméticos e Fragrâncias. Atualmente é Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento de Fragrâncias, responsável pelos Centros de Pesquisa da América Latina de uma companhia Líder mundial no desenvolvimento de fragrâncias.

Dr. Antonio Carlos Vanzo Junior

1. Poderia contar um pouco como é o negócio de fragrâncias, seu desenvolvimento a nível local e internacional?

O negócio de fragrâncias envolve muito dinheiro e movimenta anualmente algo em torno de 20 bilhões de dólares, sem contar os aromas na área de Alimentos, que é outro segmento desta Indústria. Globalmente, existem poucas empresas que competem por esse mercado. Trata-se de um mercado extremamente profissional e concorrido. Localmente existem algumas pequenas empresas que vêm se especializando pouco a pouco neste ramo. Por ser uma atividade extremamente complexa, a barreira de entrada de novos concorrentes é bastante alta. Para se ter uma idéia, nenhuma empresa de fragrâncias pode viver sem a figura do Perfumista, que é a pessoa que tem a habilidade de misturar diversos tipos de materiais sintéticos e naturais e criar os perfumes para os mais diversos tipos de uso – desde perfumaria fina até cosméticos, ambientadores, etc. Considerando que no mundo não existem mais do que uns 300 profissionais de nível internacional e considerando ainda que para se tornar um Perfumista, além de muito estudo, exige-se um grande dom, pode-se imaginar que não é tão fácil sair por aí criando fragrâncias verdadeiramente boas.

2. Você acredita que os consumidores são fiéis a seus perfumes?

Em todas as categorias de bem de consumo, seja ele para uso doméstico ou para uso pessoal, o cheiro do produto está no topo da lista de preferência dos consumidores. De nada adianta um cosmético ou um limpador de casa, por exemplo, serem ótimos tecnicamente. Se o perfume não for agradável, o consumidor não compra. No caso de perfumaria fina – aquele perfume que usamos todos os dias, a fidelidade é alta, pois expressam nossa identidade e nosso estado de espírito naquele momento.

3. O que acha dos perfumes que carregam nomes de grandes personalidades?

As grandes personalidades têm procurado lançar perfumes com seu nome. Além de ser uma alternativa fonte de renda, expressa olfativamente a maneira de ser ou de pensar da personalidade em questão. Trata-se de uma boa estratégia de Marketing para se diferenciar e criar uma identidade olfativa para si próprio.

4. Qual será a tendência para essa temporada em fragrâncias? E para as próximas?

No momento estamos passando pela redescoberta dos florais. Não mais florais tradicionais como no passado, mas florais modernos e com muita identidade. É muito difícil prever qual será a próxima grande tendência. Estamos ainda vivendo uma transição dos perfumes “gourmands” – com notas de especiarias, açúcar, culinária – e passando para as releituras dos florais. Depois desta onda não se pode prever para onde vai o mercado. São muitos fatores que determinam as preferências dos consumidores.

5. Como você acredita que serão as fragrâncias no futuro? E os cosméticos?

Cada vez mais as fragrâncias e os cosméticos terão muita preocupação com o meio ambiente e com a sustentabilidade do planeta. Hoje já não é admissível e não são usados, por exemplo, ingredientes naturais de origem animal ou que agridam o planeta. Este cerco está se fechando cada vez mais e tanto os cosméticos quanto a perfumaria tendem a caminhar rumo a materiais cada vez menos agressivos ao homem e que não causem mal ao planeta. Não só os materiais, mas também os processos de obtenção dos mesmos, terão que ser cada vez mais alinhados com sustentabilidade, respeito ao homem e ao planeta. Do ponto de vista tecnológico, respeitando esses princípios, teremos moléculas cada vez mais efetivas no combate ao envelhecimento e perfumes com duração cada vez maior.

6. Como o meio ambiente pode interferir nesse futuro?

Como eu disse, se não houver respeito ao meio ambiente, toda a humanidade irá pagar por isso. Cada vez mais tentamos oferecer produtos mais ecologicamente corretos e dar ao consumidor a chance de escolher produtos ecologicamente amigos do planeta.