Ana Vaz - Henraq
Ana Vaz
- Entrevistas
- 03/10/08
Com clientes atendidos no Brasil e exterior, Ana Vaz é consultora de etiqueta e imagem pessoal, formada pela First Impressions Image Consulting do Reino Unido, É autora dos guias Pequeno Livro de Etiqueta e Pequeno Livro de Estilo. Pós-graduada em marketing pela Liverpool Business School, atuou como executiva da área para empresas como o Grupo Saint Gobain, ACNielsen Brasil e Coca-Cola/Spaipa. Como Contatar: (19) 9714-2040 falecom@anavaz.com.br www.anavaz.com.br
Ana Vaz
1. Qual a sua definição de estilo?
Estilo é tradução de personalidade. Está além da moda e das tendências – vem de dentro. Nosso estilo é o responsável pelo que selecionamos na moda. Se somos fiéis ao nosso estilo, conseguimos construir um guarda-roupa versátil, durável e recheado de peças que adoramos usar.
2. Como trabalhar como personal stilyst com pessoas diferentes e conseguir o resultado esperado?
Justamente identificando, entendendo e respeitando seu estilo. É impossível atingir um resultado positivo sem se adotar esta postura. Um consultor de imagem que tenta impor o próprio estilo a seus clientes os está traindo. Além disso, é imprescindível compreender a rotina de cada cliente, e seu tipo físico, para então vesti-lo de acordo com eles e para valorizá-los.
3. Uma pessoa pode estar bem vestida sem estar obedecendo à moda atual?
Com certeza! Muitas vezes a moda acaba prestando um desserviço. Algumas pessoas se empolgam tanto com ela ou se deixam influenciar de tal maneira pela mídia, que se esquecem de seu estilo pessoal. Quando se sabe do que se gosta, e se respeita isso, tudo fica mais fácil. A moda, no entanto, pode ajudar uma pessoa a valorizar seu estilo próprio, funcionando como um cardápio de escolhas.
4. Seu ramo de atuação é orientar, muitas vezes, um homem ou mulher que desejam otimizar sua imagem profissional. Quais os pontos fundamentais que se baseiam esse direcionamento?
Independentemente da carreira, começo identificando o estilo pessoal e o tipo físico do cliente, para que as recomendações que virão sejam sempre acertadas. Adicionalmente, é imprescindível que se entenda muito bem tal carreira e os objetivos profissionais daquele cliente, quais são os valores inerentes a um profissional bem sucedido daquela área, para que possamos mostrá-los através de suas roupas e acessórios. Meu papel é fazer, ainda, esse profissional entender que sua imagem pessoal (formada pelas roupas, acessórios, corte de cabelo, etc.) é uma das ferramentas de comunicação mais poderosas que ele possui – e usá-la com desenvoltura! Ele precisa ficar ciente que cuidar da própria embalagem é estabelecer uma vantagem competitiva, está muito além da vaidade.
5. E todo trabalho desenvolvido em torno do cliente também envolve comportamento, desenvoltura ou se restringe ao vestuário propriamente dito?
Não é preciso (e não se deve) ficar restrito apenas ao visual. Meu trabalho se estende à etiqueta, e etiqueta é comportamento. De que adianta um executivo estar muito bem vestido, mas não saber se relacionar socialmente ou profissionalmente? Não adianta caprichar no visual e entregar um cartão de visitas incoerente, de forma errada ou fora de hora. Há uma série de pontos que podemos trabalhar.
6. A eficiência do seu trabalho está diretamente relacionada com a satisfação do cliente, que muitas vezes tem que ter um tempo para abstrair informações novas. Como é esse retorno e depois de quanto tempo, em média se notam mudanças positivas?
O retorno e o tempo variam de cliente para cliente, e de quão empenhados estão em otimizar o que é preciso. Já vi clientes que apresentaram mudanças positivas a partir de nosso primeiro encontro; outros levaram mais tempo; e alguns não mudaram pouco ou quase nada. O cliente é alertado que ele é parte imprescindível do processo de mudança, pois meu papel é de consultora, cabendo a ele adotar cotidianamente as mudanças sugeridas. Mesmo quando saio para fazer compras com um cliente, o uso das peças estará em suas mãos. Ele precisa internalizar que roupa é investimento e imagem é comunicação, e que isso pode ter um impacto positivo enorme na carreira de um bom profissional – se ele é bom, deve se dispor a mostrar ao mundo que é bom, e a imagem otimizada o ajudará a fazer isso.
7. A procura pelo personal stilyst é frequentemente maior entre as mulheres, os homens ou ambos os sexos? (ou a variável pode ser outra como área profissional ou idade?)
A procura maior ainda é das mulheres, mas os homens também buscam auxílio e normalmente são aplicadíssimos! Além disso, quem mais procura hoje esse tipo de serviços são executivos, empresários e profissionais liberais.
8. Qual a tendência nessa área? Como você vê a sua profissão no futuro?
A tendência é que as pessoas comprem cada vez mais estes serviços, uma vez que possuem cada vez menos tempo e dinheiro para perder comprando errado. Com isso a profissão se valoriza também. Adicionalmente, vejo que as pessoas estão percebendo que a imagem positiva é realmente um diferencial, num mundo em tudo é muito rápido, no qual julgamentos se fazem através da aparência (afinal acreditamos no que vemos, mais do que no ouvimos, e isso é uma defesa nossa, natural e instintiva) e forma muito rápida (em 5 segundos classificamos o outro ou somos classificados por ele). E para finalizar, acredito que o mercado terá cada vez menos espaço para os personal stylists que não conhecerem a linguagem da roupa, não compreenderem a vida empresarial e suas peculiaridades, e só focarem seu trabalho no aconselhamento do uso daquilo que é “bonitinho” ou que está na moda.