Tristana Cezaretto

• Entrevistas
• 28/02/08

Psicóloga, formada pela Universidade São Francisco e pós graduada em Gestão de Pessoas, possui experiência de 8 anos em empresas farmacêuticas e consultorias de recolocação, trabalhando na área de treinamento, recrutamento e seleção, outplacement. Desenvolveu trabalhos voluntários em creches e escolas e trabalhou em psicoterapia analítica com crianças, jovens e adultos. Atualmente trabalha com treinamento externo voltado ao desenvolvimento de carreira.

Tristana Cezaretto

1. Poderia nos contar um pouco de sua história profissional?

Trabalho desde os 14 anos sempre lidando com pessoas. Quando comecei a estudar psicologia, tentei conhecer todas as áreas de atuação e me encantei com a área organizacional. Larguei tudo que estava fazendo e iniciei minha carreira profissional como estagiária. Tive a sorte de começar em uma grande consultoria de recolocação para executivos. Em empresas trabalhei com recrutamento, seleção e treinamento. Hoje estou trabalhando com treinamento em administração de carreira. Acredito que as pessoas possuem muitas dúvidas sobre como se portar em entrevista e como direcionar bem sua carreira e é pensando nisso que o treinamento surgiu.

2. Você trabalhou em agências de recolocação. Baseado em sua experiência, o que determina o sucesso na busca de recolocação no mercado de trabalho?

O profissional deve estar “antenado” em tudo e buscar sempre se diferenciar no mercado de trabalho. Hoje existem muitos candidatos para poucas vagas, porém vemos inúmeras empresas com dificuldade de contratação, pois necessitam de pessoas com certos “diferenciais” (mestrado, conhecimento de língua estrangeira, software específico). O profissional também deve ter sempre seus objetivos bem traçados e lutar por eles, deve ser ambicioso e mostrar que pode sempre mais, é isso que as empresas querem. Outra coisa importantíssima é o relacionamento interpessoal, não adianta ser bom tecnicamente se não conseguir lidar com seus pares ou com a chefia.

3. O que deve fazer uma pessoa que foi demitida? Como enfrentar essa situação?

A demissão é sempre traumática, mesmo que seja já esperada. A maioria das vezes o profissional se acha injustiçado ou incompetente, se desespera e fica buscando explicações desnecessárias. Nesses casos o melhor a fazer é reatar a rede de contatos (networking) e começar uma verdadeira batalha para conseguir uma nova recolocação. Quanto mais cedo às entrevistas chegarem melhor o profissional se sentirá. Porém é bom lembrar, que o profissional desempregado tende a aceitar qualquer coisa porque muitas vezes acha que “não pode escolher muito”, mas é importante avaliar bem a vaga, salário e condições para não perder o foco da carreira e não se arrepender mais tarde. Uma boa opção é fazer uma lista de empresas para se trabalhar abrindo um leque de ramo de atividade, cidade e cargos pretendidos. Também como o profissional tem um tempo ocioso, deve ocupá-lo com atividades que lhe garantam contatos profissionais. Assim um curso ou participar de workshop, feiras e congressos são bem vindos. Outra dica é se preparar muito bem para a entrevista, não somente com o visual, mas com as perguntas. Estar preparado é treinar e não mascarar, por isso em uma dinâmica ou entrevista seja o melhor, mas seja você mesmo.

4. E como certificar-se de que sua carreira está no caminho certo?

É não perder os objetivos, metas e sonhos do foco, ou seja, se o profissional busca: ser um gerente deve saber em primeiro lugar o que precisa para se tornar um. O perfil do cargo é muito importante e o profissional deve estar atento a todas as características necessárias, não somente tecnicamente (formação e cursos), mas com todas suas competências e diferenciais pessoais também. Observo que todas as pessoas buscam: reconhecimento, realização profissional e pessoal e boa remuneração, mas não é fácil alcançar tudo isso de uma só vez. Por isso cada vez mais as pessoas devem saber administrar bem sua carreira.

5. A seu ver, quais serão as profissões do futuro?

Os que envolvem sistemas da informação e as engenharias. Hoje por exemplo vemos que há uma grande falta de engenheiros civis no mercado. Isto, pois as pessoas focaram nos negócios e não na mão de obra. Fazer um curso de direito ou arquitetura era muito mais fácil, rápido e com status do que engenharia civil. Mas o que acontece é que o país está em grande desenvolvimento e faltam profissionais no mercado. Ninguém quer fazer, hoje querem somente ganhar. Outra coisa que não podemos deixar de analisar é que todas as áreas de formação hoje se preocupam com o planeta. Então tudo que envolva a reciclagem e a conservação do homem e do planeta vão se dar bem.

6. O que você imagina para a área de Cosméticos no futuro? Você vê diferenças dos outros ramos de trabalho?

Cada vez mais as pessoas tanto homens como mulheres buscam a juventude. Acredito que essa área tende a crescer ainda mais. As pessoas não querem apenas parecer jovens e bonitas, querem ser e estar. A cada ano pesquisas são realizadas para melhorem a qualidade de vida das pessoas, tanto na alimentação, bem estar, estética e profissionalmente. As empresas que dão melhores condições de trabalhos a seus funcionários são muito mais almejadas e reconhecidas. Hoje também as empresas antes de contratarem observam alguns detalhes que antes não eram tão importantes como a obesidade e o tabagismo. Isto pois elas já têm consciência que este profissional no futuro vão lhe custar muito mais caro. Assim se cuidar não é apenas uma questão de estética é sobrevivência.

7. A mulher de hoje conciliando com sucesso o papel profissional, esposa e mãe. Você acha isso possível?

Acredito que a mulher cada vez mais está alcançando seu “lugar ao sol” e seu espaço profissional. Mas é importante não perder o foco em seus diversos papeis. Falo isto porque se a mulher for demasiadamente profissional e deixar seu papel de esposa, mãe e mulher, ela com certeza terá problemas futuros. Vejo ótimas profissionais que não abrem mão de ir a reunião dos filhos, ou de sair para um happy hour com os amigos e de fazer um bom jantar para o marido. O que é necessário para a realização de tudo isto: Organização. Antever suas obrigações, se programar e determinar quais são as prioridades é uma tarefa difícil mas possível e a mulher com suas inúmeras qualidades vai conseguir encaixar tudo isso se for realmente organizada.

8. Como equilibrar a carreira e a qualidade de vida?

Nem sempre é fácil equilibrar carreira com qualidade de vida. Isto, pois as empresas e o mercado de trabalho estão cada vez mais exigentes. Cabe ao profissional determinar o que é importante em sua vida: dinheiro, status, reconhecimento, enfim. Há também um ciclo profissional que faz com que cada pessoa tenha uma disponibilidade maior ou não. Seria óbvio dizer que um recém formado solteiro e com disponibilidade total é diferente do profissional casado, com filhos, porém nem sempre é assim, muitas vezes esse jovem “sem motivo aparente” está muito mais enraizado do que o outro. Cabe a cada um determinar o que é melhor e o que o motiva mais. Outra coisa são as “desculpas” que cada um dá para si mesmo. Assim lutar pela qualidade de vida vai muito além de sair mais cedo da empresa e ter mais tempo para ir à academia é determinar um novo conceito de vida.